domingo, 6 de julho de 2008

vila madalena

eu aqui em casa, o sono chegando, e o sábado à noite correndo solto por aí. mulheres e homens à procura de um passa-tempo dentro de seus carros de paulista, homens na frente, mulheres atrás, todos já um pouco altos e com medo da polícia, guarda-carros-donos-da-rua, a euforia cheirando a cerveja, brigas, algum sexo e quase nada de amor. na vila madalena aos sábados à noite é proibido amar, e é obrigatório dar pelo menos dez risadas e falar bem alto. contadores de piadas ganham bônus no fim da noite. quem toma dois chopes paga um. você, camisa-social-barrigudo, pode aproveitar a promoção e convencer a sua mina loira a tomar um chopinho ao invés daquele sex on the beach que ela quer e que custa quinze pila, mas pensando bem, quem sabe com um pouco de vodka e pêssego no sangue ela não dá uma relaxada e dá pra você no carro na porta de casa, às três e meia da manhã, o segurança rondando, as câmeras do condomínio registrando tudo (e ela ainda diz que tem fetiche em saber que o porteiro está vendo), a porta do carro aberta porque estatisticamente é comprovado que os ladrões roubam 20% a menos os carros parados com a porta aberta, a mão por baixo da calcinha e a língua por cima de tudo, naquele beijo estonteante que só você sabe dar, camisa-social-azul-claro. sim, se ela tomar esse sex on the beach- vodka, pêssego e açúcar, bem doce, sobe rápido- depois é bem possível que ela faça alguma coisa com você no carro, algo de satisfatório e reconfortante, e o domingo se torne um pouco menos domingo, o maltido domingo que é maldito porque depois vem a segunda, e com a segunda vem a vida que você tanto adora.
meia-noite, vou dormir.
sinceramente, social-barrigudo, não sei quem é mais feliz. talvez sejamos ambos. talvez não o seja ninguém.

12 comentários:

Guto Leite disse...

Muito bom, Mariá! Muito bom! Eu, como ex-paulistano e visitador da V. Madalena, preciso dizer que você foi incisiva e talentosa nessa crônica! Grande abraço e arte!

Guto Leite disse...

oi Mariá, este é pra não ser aceito, =).

concordo contigo e sempre briguei bastante com meu lado mais ácido e cortante. Depois de um tempo, pra salvar minha literatura, cheguei num acordo comigo mesmo: reservar os textos pra essas tensões e, pessoalmente, ser um multiplicador de abraços!

sei que experiência é coisa que não se compartilha e pode até ser que pra vc não sirva de nada a minha história, contudo, queria que fosse mais como um alento para sua culpa literária. Existe a ferida. O ar, o vento e o dedo ardem a ferida, só questão de intensidade.

Grande abraço, ótima semana e estarei sempre de olho por aqui! =)

Anônimo disse...

Oi, gostei bastante dos seus textos. E adorei a idéia do nome.
Inté.

anticorpo disse...

Há vida inteligente na madrugada- madalena e em outros tantos da boemia??
olhar a noite com olhar de espectador deixa as coisas mais claras e tão engraçadas!
estou auvindo um som seu agora , asas parte 1, parece ter feito outro sentido quando li e ouvi esse som ao mesmo tempo !
muito massa!
abraço!

Beatriz disse...

Mariá, cheguei via Guto Leite. gostei do texto. Você utiliza o coloquial com intimidade e problematiza hábitos. torna o prosaico pior rss. o ue é o melhor;)

6ª em D disse...

Mariá,
pelas vistas, sabes dançar.
mas, planar e dançar em pleno ar, Mariá?

sabes, será?

(começando a mostrar os dedinhos dos pés, hã...)

-por aqui anda chuvendo, mas e daí: gosto de me molhar para de pois secar.

Guto Leite disse...

oi Mariá, claro que pode postar aquele comentário, se quiser. =) Tinha dito que não por ser mais uma resposta pelo fofíssimo comentário que deixou no meu blog... algo como pra dizer "oh! sou a favor do teu texto por isso, por isso e por isso..." =) Beijão, querida, muita arte!!

Rachel Souza disse...

Ó, não é muito diferente no Rio...rs
Gostei!Simples e contundente.
Inté mais vê!

Ricardo Jung disse...

chinelo e calça dins com "d", é o melhor caminho, com as mãos nos bolsos e cantando num tom agudo bem alto e forte


e do sapato ao elefante, todos os carros são iguais:

http://artepoiesis.blogspot.com/

6ª em D disse...

Fogo Mariá!
Fogo!!

jAh dIzIa LeMiNsK...tudo que respira conspira! disse...

nunca fui a vila madalena :[
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e que desafiador essa história de tocar bateria viu!?rapaz...a coisa é confusa demais no inicio. A cabeça manda uma coisa e as pernas fazem outras quando fazem...e as mãos não ficam atrás, tão desobedientes quanto!o cansaço mental é muito grande.
bj
vlw

Unknown disse...

Olá Mariá...conheci seu blog por meio da Revista Bravo!
Eu lí uma coluna que falava sobre vc...bom na verdade eu não conheço o seu trabalho mas gostaria de conhecer vc me parece ser uma artista completa.
Pelomenos eu gostei do que lí sobre vc.rsrs
Ah e adorei o texto!


beijo!